quinta-feira, 29 de abril de 2021

Histórico de Sepé Tiarajú.


No dia 7 de fevereiro de 1756, Sepé morreu peleando no Arroio Caiboaté. Numa batalha, seu cavalo rodou e ele foi ferido pela lança de um soldado e antes que levantasse foi atingido com um tiro de pistola, pelo governador de Montevidéu que chefiava a tropa.

Sepé Tiarajú contribuiu para estimular o levante indígena da redução guaranítica de São Nicolau, a primeira à resistir às ordens de transmigração para o outro lado do Rio Uruguai. Em São Miguel, Sepé promoveu o ataque às carretas que faziam a mudança dos objetos da Igreja, obrigando-as à retornar à redução. Durante 3 anos foi um dos guerreiros mais notáveis na resistência aos impérios português e espanhol. Atribui-se a Sepé a frase:

                             “Esta terra tem dono, e ninguém no-la tira”.                      

 

Muitas lendas, trovas e canções missioneiras e nativistas falam dele, que para muitos virou Santo, São Sepé.

 Deu-se o combate entre os índios e os soldados portugueses, uma luta rápida e decisiva, pouco valeu a coragem e o desprendimento de Sepé e sua gente, diante do numero e das armas do inimigo, teve poucos sobreviventes que fugiram e Sepé caiu prisioneiro.

No acampamento português, Sepé era arrastado á presença do general lusitano. Mandaram o índio beijar a mão do general, mas ele recusou-se:


Sepé - Ninguém me obriga a beijar a mão de outro homem. Depois, sou eu e não ele, o dono destas terras!

General - Dono? Tu és apenas um pobre bárbaro, mais nada.

Sepé – Bárbaro? Voçê é mais bárbaro do que eu, pois pretende tirar a terra de seus legítimos proprietários, enquanto eu luto em defesa de meu povo!

General – Se me contares onde estão os teus cavalos, terás imediatamente a liberdade.

Sepé – Não preciso esmolar liberdade, se eu quisesse libertar-me, não haveria forças capazes de me impedir.

General – (sarcasticamente) Então, não temos forças capazes de te impedir a fuga?

Essa é muito boa! E o que farias para sair daqui?

Sepé, olhou  firmemente e exclamou: Isto!

Rápido como o raio, o índio escapou dos soldados que faziam a ronda, e montando no primeiro cavalo que encontrou, saiu em disparada, desaparecendo numa nuvem de pó.

Nas Missões, o povo vibrou de alegria, o Padre, abraçou-o comovido, e disse: Tinha certeza que você voltaria.

Sepé revelou que agora odiava mais do que nunca o inimigo. A humilhação pela qual passar exigia vingança.

Alguns dias depois, como os índios não haviam deixado as Missões e o prazo se esgotara, as tropas portuguesas aguardavam a chegada das tropas espanholas, para juntas, expulsarem os desobedientes.  Depois de muita espera, veio uma comunicação, informando que os espanhóis ainda demorariam algum tempo para se preparar.

Um mês se passou,  tudo retomara ao que era antes, era paz e tranquilidade.

Foi quando soou um grito, vamos ser atacados! Vamos ser atacados!

Sepé assumiu a chefia de sua gente, os guerreiros corriam, na pressa de se preparar para a guerra. Em vão os padres Jesuítas pediam que não resistissem, para evitar a mortandade, mas os índios estavam demais  revoltados. Por que queria tirar-lhes a terra? Qual mal haviam feito? Prefeririam morrer a sair da terra onde haviam nascido e que adoravam.

Sepé sabia que o inimigo era mais forte,  preferiu, a luta de emboscada, o ataque rápido, a surpresa. Sepé era visto em toda a parte. Desdobrava-se , lutava com todas as forças que possuía , mas o inimigo era poderoso, unidos atacavam em massa, os índios defendiam-se bravamente, às balas dos atacantes era respondida com flechas, depois veio o combate corpo a corpo, brancos e índios no ardor da peleja.

Os portugueses queriam as terras e não se preocupavam com os sentimentos daquela gente, recusavam-se a compreender o amor que os índios devotavam ao lugar, queriam que eles saíssem e pronto!

O combate continuou, os índios lutavam com um ardor nunca visto, uma coragem que desprezava as possantes armas do inimigo, dentre eles, sobressaía-se a figura de Sepé Tiarajú, ele era invencível! Lutando como lutava, sem temor, sem a mínima cautela. O inimigo percebeu que ele era o coração de seus guerreiros, resolveu, portanto, concentrar-se nele, aos punhados, os soldados o atacavam, nem assim conseguiam vencê-lo.

Sepé foi rodeado por dez soldados, a sua volta a luta prosseguia, o guerreiro enfrentou corajosamente, mas era demais, um deles conseguiu atingi-lo com uma lança, sentindo-se ferido, o índio ainda tentou resistir, agarrando-se ao pescoço do cavalo, mas fugiam-lhe as forças, tudo escureceu,  seus braços não suportaram mais e ele caiu no chão, quase morto. Um soldado aproximou-se, montado em um cavalo, e fitou por um instante, o valente guerreiro, em seguida, apontando-lhe a arma, atirou.

Sepé estava morto. Deixara de existir o defensor dos povos das Missões.

Todos os índios que olharam para o céu viram um cavaleiro galopando um cavalo de fogo, envolto por uma luz azulada muito bonita. Na mão direita, o cavaleiro empunhava a lança.

Era Sepé, indo ao encontro de Tupã.

Depois que ele morreu, os índios perderam grande parte da vontade que faziam enfrentar forças tão superiores. Lutavam ainda, porém sem aquele ardor que sentiam, quando Sepé estava presente e, enfraquecidos, caiam um a um. O inomigo, agora com novo ânimo, atacava sem cessar. Já não era mais combate, tratava-se de perseguir os poucos índios que ainda estavam de pé. Mas os poucos índios que escaparam, fugiram para o mato, nas Campinas, entre os corpos dos indígenas, estavam os inúmeros jesuítas, mortos quando tentavam proteger os nativos.

Ajudado pelos jesuítas que restaram,  o povo reuniu o que restou e partiu, de cabeça baixa, em busca de novas terras. Vencidos, sem esperanças.

Sepé Tiarajú é um símbolo da resistência popular ao imperialismo e ao instinto de liberdade de um povo.

                                                                                                                     

 

Pesquisa de :

Sandra Ferreira – 1º Chinoca do Ctg Sentinelas do Pago

 




 

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