No dia 7 de fevereiro de 1756, Sepé morreu peleando no
Arroio Caiboaté. Numa batalha, seu cavalo rodou e ele foi ferido pela lança de
um soldado e antes que levantasse foi atingido com um tiro de pistola, pelo
governador de Montevidéu que chefiava a tropa.
Sepé Tiarajú contribuiu para estimular o levante indígena da
redução guaranítica de São Nicolau, a primeira à resistir às ordens de
transmigração para o outro lado do Rio Uruguai. Em São Miguel, Sepé promoveu o
ataque às carretas que faziam a mudança dos objetos da Igreja, obrigando-as à
retornar à redução. Durante 3 anos foi um dos guerreiros mais notáveis na
resistência aos impérios português e espanhol. Atribui-se a Sepé a frase:
“Esta
terra tem dono, e ninguém no-la tira”.
Muitas lendas, trovas e canções missioneiras e nativistas
falam dele, que para muitos virou Santo, São Sepé.
Deu-se o combate
entre os índios e os soldados portugueses, uma luta rápida e decisiva, pouco
valeu a coragem e o desprendimento de Sepé e sua gente, diante do numero e das
armas do inimigo, teve poucos sobreviventes que fugiram e Sepé caiu
prisioneiro.
No acampamento português, Sepé era arrastado á presença do
general lusitano. Mandaram o índio beijar a mão do general, mas ele recusou-se:
Sepé - Ninguém
me obriga a beijar a mão de outro homem. Depois, sou eu e não ele, o dono
destas terras!
General - Dono?
Tu és apenas um pobre bárbaro, mais nada.
Sepé – Bárbaro?
Voçê é mais bárbaro do que eu, pois pretende tirar a terra de seus legítimos
proprietários, enquanto eu luto em defesa de meu povo!
General – Se
me contares onde estão os teus cavalos, terás imediatamente a liberdade.
Sepé – Não
preciso esmolar liberdade, se eu quisesse libertar-me, não haveria forças
capazes de me impedir.
General – (sarcasticamente)
Então, não temos forças capazes de te impedir a fuga?
Essa é muito boa! E o que farias para sair daqui?
Sepé, olhou firmemente
e exclamou: Isto!
Rápido como o raio, o índio escapou dos soldados que faziam
a ronda, e montando no primeiro cavalo que encontrou, saiu em disparada,
desaparecendo numa nuvem de pó.
Nas Missões, o povo vibrou de alegria, o Padre, abraçou-o
comovido, e disse: Tinha certeza que você voltaria.
Sepé revelou que agora odiava mais do que nunca o inimigo. A
humilhação pela qual passar exigia vingança.
Alguns dias depois, como os índios não haviam deixado as
Missões e o prazo se esgotara, as tropas portuguesas aguardavam a chegada das
tropas espanholas, para juntas, expulsarem os desobedientes. Depois de muita espera, veio uma comunicação,
informando que os espanhóis ainda demorariam algum tempo para se preparar.
Um mês se passou, tudo
retomara ao que era antes, era paz e tranquilidade.
Foi quando soou um grito, vamos ser atacados! Vamos ser
atacados!
Sepé assumiu a chefia de sua gente, os guerreiros corriam,
na pressa de se preparar para a guerra. Em vão os padres Jesuítas pediam que
não resistissem, para evitar a mortandade, mas os índios estavam demais revoltados. Por que queria tirar-lhes a
terra? Qual mal haviam feito? Prefeririam morrer a sair da terra onde haviam
nascido e que adoravam.
Sepé sabia que o inimigo era mais forte, preferiu, a luta de emboscada, o ataque
rápido, a surpresa. Sepé era visto em toda a parte. Desdobrava-se , lutava com
todas as forças que possuía , mas o inimigo era poderoso, unidos atacavam em
massa, os índios defendiam-se bravamente, às balas dos atacantes era respondida
com flechas, depois veio o combate corpo a corpo, brancos e índios no ardor da
peleja.
Os portugueses queriam as terras e não se preocupavam com os
sentimentos daquela gente, recusavam-se a compreender o amor que os índios
devotavam ao lugar, queriam que eles saíssem e pronto!
O combate continuou, os índios lutavam com um ardor nunca
visto, uma coragem que desprezava as possantes armas do inimigo, dentre eles,
sobressaía-se a figura de Sepé Tiarajú, ele era invencível! Lutando como
lutava, sem temor, sem a mínima cautela. O inimigo percebeu que ele era o
coração de seus guerreiros, resolveu, portanto, concentrar-se nele, aos
punhados, os soldados o atacavam, nem assim conseguiam vencê-lo.
Sepé foi rodeado por dez soldados, a sua volta a luta
prosseguia, o guerreiro enfrentou corajosamente, mas era demais, um deles
conseguiu atingi-lo com uma lança, sentindo-se ferido, o índio ainda tentou
resistir, agarrando-se ao pescoço do cavalo, mas fugiam-lhe as forças, tudo
escureceu, seus braços não suportaram
mais e ele caiu no chão, quase morto. Um soldado aproximou-se, montado em um
cavalo, e fitou por um instante, o valente guerreiro, em seguida, apontando-lhe
a arma, atirou.
Sepé estava morto. Deixara de existir o defensor dos povos
das Missões.
Todos os índios que olharam para o céu viram um cavaleiro
galopando um cavalo de fogo, envolto por uma luz azulada muito bonita. Na mão
direita, o cavaleiro empunhava a lança.
Era Sepé, indo ao encontro de Tupã.
Depois que ele morreu, os índios perderam grande parte da
vontade que faziam enfrentar forças tão superiores. Lutavam ainda, porém sem
aquele ardor que sentiam, quando Sepé estava presente e, enfraquecidos, caiam
um a um. O inomigo, agora com novo ânimo, atacava sem cessar. Já não era mais
combate, tratava-se de perseguir os poucos índios que ainda estavam de pé. Mas
os poucos índios que escaparam, fugiram para o mato, nas Campinas, entre os
corpos dos indígenas, estavam os inúmeros jesuítas, mortos quando tentavam
proteger os nativos.
Ajudado pelos jesuítas que restaram, o povo reuniu o que restou e partiu, de cabeça
baixa, em busca de novas terras. Vencidos, sem esperanças.
Sepé Tiarajú é um símbolo da resistência
popular ao imperialismo e ao instinto de liberdade de um povo.
Pesquisa de :
Sandra Ferreira – 1º Chinoca do
Ctg Sentinelas do Pago
Nenhum comentário:
Postar um comentário