quinta-feira, 8 de abril de 2021

BIOGRAFIA - Auguste de Saint-Hilaire.

 


O naturalista francês, Auguste de Saint-Hilaire, percorreu o Brasil ao longo de 6 anos, (1816 – 1822), além da sua contribuição para a Botânica, teve um olhar arguto sobre usos e costumes, pessoas, políticas e administração.

Auguste François Cesar Prouvençal de Saint-Hilaire, nasceu em 1779, na cidade de Orleães na França, cresceu no Chateau da La Turpiniere. Estudou história natural, tornando-se botânista.

Obteve cartas de recomendação necessárias para peregrinar pelo Brasil como visitante oficial, recebendo a ajuda que precisasse. Chegou no Brasil em 1816 acompanhando a missão extraordinária do Duque de Luxemburgo, com a aprovação do Museu de História Natural de Paris e o financiamento do Ministério do Interior para realizar seus estudos e mandar amostras da flora local para os museus da França.

O nome Auguste de Saint-Hilaire tornou-se conhecido no Brasil não somente pelos seus trabalhos sobre Botânica, mas sobre tudo pelos prolíficos relatos de suas viagens pelo interior do país. De fato, sua obra é considerada como fonte excepcional e obrigatória pelos especialistas, brasileiros de vários campos das ciências humanas sociais.

Tinha muito conhecimento do português, falava dos problemas do país de forma delicada, mostrando preocupação com a situação do Brasil, se preocupava com as queimadas nas florestas. Em suas viagens percorreu vários estados, e um deles foi o Rio Grande do Sul. Viajou a cavalo ou no lombo de burro, por sertões na maioria das vezes por picadas abertas a facão por seus acompanhantes, ainda escravos. Viagens muito cansativas, falta de comida, privações, dormir em redes, perder o medo de animais selvagens.

Era tratado como tenente-coronel por seus colaboradores, era visto como médico, afinal colher plantas era hábito apenas de médicos e curandeiros.

Apesar das muitas dificuldades, o botânico se via absolutamente encantado pela riqueza vegetal, e arranjava força e coragem para seguir viajando.

No dia 5 de junho de 1820, o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, cruzou o Rio Mampituba e entrou na capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Já trazia consigo a experiência de quase quatro anos de viagens pelo interior do Brasil.

Fez um trabalho científico minucioso, principalmente no que se refere a herborização. Ao término de sua viagem, obteve uma grande coleção e catalogação de sete mil espécies de plantas. Acervo que seria entregue ao Museu de História Natural de Paris.

Ao cruzar o Mampituba, Sain-Hilaire, escreve em seu diário:

“Esta viagem vai se tornando cada vez mais penosa, contribuindo para o esgotamento de minhas forças e de meu ânimo. A imagem de minha mãe apresenta-se sem cessar em meu espírito, e, sempre me encontro sem ter com o que me distrair vejo-me cercado de pessoas descontentes.” 


Mas nada que o impeça de trabalhar, herborizar, sempre salientava. Passou por montes, torres, admira cactáceas, um grande Eryngium, e entre bromelácias e arbustos, contata a mirtácea chamada pitanga.

Além do lado botânico naturalista, também registra que em meio a magnífica desolada paisagem, vivem camponeses muito pobres morando em míseras cabanas. Mas também constata que não falta comida.


Apesar das primeiras impressões, logo percebe que a Capitania do Rio Grande do Sul é uma das mais ricas do Brasil. Seu astral melhora ao chegar nos campos de Viamão e logo depois à Porto Alegre. Passou mais de mês em Porto Alegre, considerou mais suja que o Rio de Janeiro, por outro lado, não deixa de ressaltar as suas belezas. Escreve:

“Raros são os passeios tão encantadores como o do Caminho Novo (atual Voluntários da Pátria), o qual lembra tudo quanto existe de mais agradável na Europa.” (Saint-Hilaire, 1974).

A partir de Porto Alegre, que Saint-Hilaire começará a entender realmente a complexidade dos interesses políticos, econômicos e militares que mapeia regiões e recolhe dados sobre a flora, a fauna, exportações e importações.

Saint-Hilaire retornou a seu país de origem e só retornou ao Rio Grande do Sul em 1821, percorrendo as Missões.

Muitas anotações neste percurso da volta ao RS.

A fertilidade dos solos, capazes de produzir cereais em abundância, frutas de clima temperado, e as pastagens garantem uma carne de excelente qualidade e um magnifico leite.

Sua curiosidade em relação a economia faz com que obtenha informações e liste as importações e as exportações dos anos anteriores aos da sua chegada, elas dão um bom quadro do movimento comercial da época.

O Rio Grande do Sul que Saint-Hilaire conheceu era um espaço geográfico sujeito a guerra de fronteiras ainda não definidas. Uma praça de guerra, um grande acampamento militar em meio ao qual tentavam sobreviver, brancos, índios, negros e mestiços.

Teve uma relação de desprezo com os índios, e isso será recorrente em todo o livro. Se apega a ideia de que o principal problema dos índios é a sua falta de noção do futuro, apegando-se unicamente ao presente.

Também testemunhou várias senas tristes da escravidão no Brasil.

LEGADO.

Aristocrata, Saint-Hilaire era seguidor de uma ideologia que preconizava uma hierarquia de raças, que seria utilizada ao longo do século XIX.

Seu livro, hoje, devido as considerações preconceituosas, sobre índios, negros, mestiços, americanos em geral, pode seu considerado como racista.

Porém, restringido aos valores e preconceitos do seu tempo, e na forma como descreveu a sua viagem, misturando observações de cunho científico a confissões de ordem pessoal, viagem ao Rio Grande do Sul, fora os diversos aportes históricos de dados sociais, culturais e econômicos já citados, mostra um universo em transição, de fronteiras não delineadas, de conflitos de interesses, onde se digladiam brancos, portugueses, ou de origem, espanhóis, índios negros, mestiços, representados pelos bárbaros gaúchos, lutando por espaços ou liberdade.

Um farto material para pesquisas de caráter histórico e científico.

SAINT-HILAIRE depois de ter sido envenenado por mel de vespas, com o sistema nervoso profundamente abalado, voltou buscar alívio no sul da França em 1822. Faleceu em 03 de setembro de 1853 aos 74 anos, em Orleães, França.

Homenagens:


Em 1900, foi esculpido em bronze o busto do Botânico Frances no jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Em 2001, foi criado o Parque Nacional de Saint-Hilaire/Lange, na região de Paranaguá no litoral do Paraná.

 

OBRAS:

*Viagem do Rio a Minas Gerais, publicada em 1830.

*viagem do Litoral ao Distrito Diamantino em 1833.

*viagem de São Francisco e Goiás em 1847.

*viagem de São Paulo a Santa Catarina em 1851.

                          * viagem do Rio Grande do Sul a Cisplatina em 1887.              

 

Grandes obras foram dedicadas às minhas observações puramente científicas. Esta apresentará o painel duma natureza estranha à Europa; nela se encontrarão detalhes de estatística e de geografia, informações sobre agricultura, artes e comércio, e numerosas observações sobre a geografia das plantas; resumirei o estado da religião entre brasileiros; procurarei dar a conhecer a administração civil e judiciária do país; descreverei os usos e costumes das províncias que visitei, e tentarei transmitir uma ideia exata das populações selvagens.

Auguste de Saint-Hilaire-1830.





Pesquisa de:

 Sandra Ferreira- 1 Chinoca do CTG Sentinelas do Pago.               








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