quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Contos Gauchescos – O Anjo da Vitória

 

Por: João Simões Lopes Neto


Blau Nunes era gurizote e estava na campanha de seu padrinho que era capitão. Blau se lembra do padrinho dizer que estavam mal acampados e que a qualquer momento o inimigo poderia atacar-lhes. Junto deles estava um índio Hilarião. Na campanha Blau estava dormindo quando ouviu-se tiros, e seu padrinho falou:

-Desmaneia e monta!

Foram o padrinho, Blau e o chiru abrindo caminho para o quartel-general de Barbacena, ninguém se entendia nesse quartel-general. Havia um  tal de José de Abreu que era o mais valente e que a gauchada chamava de Anjo da Vitória.

Blau fazia tudo que seu padrinho fazia e estava sempre com ele. Os castelhanos, certa manhã, colocaram fogo nos macegais e o vento ajudou a alastrar a fumaça. O general Abreu montou seus esquadrões e um deles era chefiado pelo padrinho de Blau. De repente, quando a fumaça os rodeava e cegava começou um tiroteio que não sabia-se de onde vinha. Veio um vento e varreu a fumaça mostrando que era a própria infantaria que estava fazendo aquele estrago. Houve um silêncio de raiva e de pena... como de quem pede perdão calado.

O Anjo da Vitória estava baleado. O padrinho estava baleado ao lado do cavalo. Blau começou a chorar e chamar:

-Padrinho, Hilarião!

Blau  se sentiu sozinho, abandonado, gaudério e gaúcho, sem ninguém para lhe cuidar!...

Depois de crescido ainda ouvia o Anjo da Vitória  dizer:

-Viva o Imperador! Carrega!

Vê vancê que eu era guri e já corria o mundo...



Pesquisa:

Fabiana Thomaz


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