Por: João
Simões Lopes Neto
Blau Nunes
era gurizote e estava na campanha de seu padrinho que era capitão. Blau se
lembra do padrinho dizer que estavam mal acampados e que a qualquer momento o
inimigo poderia atacar-lhes. Junto deles estava um índio Hilarião. Na campanha
Blau estava dormindo quando ouviu-se tiros, e seu padrinho falou:
-Desmaneia e
monta!
Foram o
padrinho, Blau e o chiru abrindo caminho para o quartel-general de Barbacena,
ninguém se entendia nesse quartel-general. Havia um tal de José de Abreu que era o mais valente e
que a gauchada chamava de Anjo da Vitória.
Blau fazia
tudo que seu padrinho fazia e estava sempre com ele. Os castelhanos, certa
manhã, colocaram fogo nos macegais e o vento ajudou a alastrar a fumaça. O
general Abreu montou seus esquadrões e um deles era chefiado pelo padrinho de
Blau. De repente, quando a fumaça os rodeava e cegava começou um tiroteio que
não sabia-se de onde vinha. Veio um vento e varreu a fumaça mostrando que era a
própria infantaria que estava fazendo aquele estrago. Houve um silêncio de
raiva e de pena... como de quem pede perdão calado.
O Anjo da
Vitória estava baleado. O padrinho estava baleado ao lado do cavalo. Blau
começou a chorar e chamar:
-Padrinho,
Hilarião!
Blau se sentiu sozinho, abandonado, gaudério e
gaúcho, sem ninguém para lhe cuidar!...
Depois de
crescido ainda ouvia o Anjo da Vitória dizer:
-Viva o
Imperador! Carrega!
Vê vancê que
eu era guri e já corria o mundo...
Pesquisa:
Fabiana
Thomaz
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