quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

POESIA- O lunar de Sepé.

 



Autor:  João Simões Lopes Neto.


Eram armas de castela

Que vinham do mar de além

De Portugal também vinham,

Dizendo, por nosso bem.

Mas quem faz gemer a terra

Em nome da paz não vem!

Mandaram por serra acima

Espantar os corações;

Que os Reis vizinhos queriam

Acabar com as missões,

Entre espadas e mosquetes,

Entre lanças e canhões!

Dum sangue dum grão-cacique

Nasce um dia um menino,

Trazendo um lunar na testa

Que era bem pequenino,

Mas era um cruzeiro feito

Como um emblema divino!

E aprendeu as letras feitas

Pelos padres, na escrita,

E tinha por penitência

Que a sua própria figura

De dia, era igual ás outras...

E diferente, em noite escura!

Diferente em noite escura

Pelo lunar do seu rosto,

Que se tornava visível

Apenas o sol era posto;

Assim era Tiaraiú,

Chamado Sepé, por gosto,

Cresceu em sabedoria

E mando dos povos seus,

Os padres o instruíram

Para o serviço de Deus,

E conhecer as defesas

Contra os males dos ateus...

Era moço e vigoroso,

E mui valente guerreiro,

Sabia mandar manobras

Ou no campo ou no terreiro,

E na cruzada dos perigos

Sempre andava de primeiro.

E tudo isso aprendia,

E tudo já melhorava.

Sepé Tiaraju , chefe

Que os Sete povos mandava,

Escutado pelos padres,

Que cada qual consultava.

E quando a guerra chegou

Por ordem dos Reis de além,

O lunar do moço índio

Brilhou de dia também,

Para que os povos vissem

Que Deus lhe queria bem...

Era a lomba da defesa,

Nas coxilhas de Ibagé,

Cacique muito matreiro

Que nunca mudou de fé.

Cavalo deu a nimguém...

E a ninguém deixou de a pé...

Os mosquetes estrondeiam

Sobre a gente ignorada,

Que, acima do seu espanto,

Tem a vida decepada...

E colubrina maiores

Fazem maior matinada!

A dor entrava nas carnes...

Na alma, a negra tristeza

Dos guerreiros de Tiaraiú,

Que pelejavam defesa,

Porque o lunar divino

Mandava aquela proesa...

E já rodavam ginetes

Sabre os corpos dos infantes

Das Sete Santas Missões,

Que pareciam gigantes!

Na peleja tão sozinhos...

Na morte tão confiantes!

Mas o lunar de Sepé

Era o rastro procurado

Pelos vassalos dos Reis,

Que o haviam condenado...

Ficando o povo vencido...

E seu haver...conquistado!

Então, Sepé foi erguido

Pelas mão de Deus Senhor,

Que lhe marcara na testa

O sinal do seu penhor!

O corpo, ficou na terra...

A alma, subiu em flor!

E, subindo para as nuvens,

Mandou aos povos bênçãos!

Que mandava o Deus Senhor

Por meio do seu clarão...

E o lunar na sua testa

Tomou no céu posição...

Eram armas de Castela

Que vinham do mar de além,

De Portugal também vinham,

Dizendo, por nosso bem...

Sepé Tiaraiú ficou santo

Amém! Amém! Amém!



Pesquisa de:  Sandra Ferreira

1º chinoca do CTG Sentinelas do Pago.


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