quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Poesia e música- VÓ BUGRA.

 


Autor: Pedro Ortaça.

 

Aquela bugra sentada

Na margem da rodovia

Esperando freguesia

Parar pra comprar balaio.

Tem sofrimento nos olhos

De um semblante mui judiado

Como um tronco sapecado

Na boca de algum borralho.

Parece ter na cabeça

Pelo tempo agrisalhada

Uma noite enluarada

De algum rincão missioneiro

Mas é um retrato da história

Recostada no barranco

Que para os olhos do branco

É só um vulto passageiro.

Qual o tipo de futuro

Aguarda seus descendentes

Bugres, andantes, carentes

De respeito e comida?

Será que estarão um dia

Melhor do que ela agora

Ou então, estrada a fora

Serão andantes na vida?

O cipó e a taquara

Plantas nativas do mato,

É um tosco artesanato

Para o viajante que passa,

Mas pra quem conhece a história

Cada balaio traçado

É um resquício abandonado

O holocausto da raça.

A vó bugra não chora

Seu ancestral não chorava

Em vez de chorar, peleava

Pelo instinto de defesa.

E hoje o índio é um intruso

No chão em que está pisando

Pela vida carregando

Um balaio de incertezas.






Pesquisa de

Sandra Ferreira - 1º chinoca do CTG Sentinelas do Pago.




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