Autor: Pedro
Ortaça.
Aquela
bugra sentada
Na
margem da rodovia
Esperando
freguesia
Parar
pra comprar balaio.
Tem
sofrimento nos olhos
De
um semblante mui judiado
Como
um tronco sapecado
Na
boca de algum borralho.
Parece
ter na cabeça
Pelo
tempo agrisalhada
Uma
noite enluarada
De
algum rincão missioneiro
Mas
é um retrato da história
Recostada
no barranco
Que
para os olhos do branco
É
só um vulto passageiro.
Qual
o tipo de futuro
Aguarda
seus descendentes
Bugres,
andantes, carentes
De
respeito e comida?
Será
que estarão um dia
Melhor
do que ela agora
Ou
então, estrada a fora
Serão
andantes na vida?
O
cipó e a taquara
Plantas
nativas do mato,
É
um tosco artesanato
Para
o viajante que passa,
Mas
pra quem conhece a história
Cada
balaio traçado
É
um resquício abandonado
O
holocausto da raça.
A
vó bugra não chora
Seu
ancestral não chorava
Em
vez de chorar, peleava
Pelo
instinto de defesa.
E
hoje o índio é um intruso
No
chão em que está pisando
Pela
vida carregando
Um
balaio de incertezas.
Pesquisa de
Sandra Ferreira - 1º chinoca do CTG Sentinelas do Pago.
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