Hoje eu acordei
poeta...
E a estrada real me
parece
Muito menos com a
partida.
Aliás, a velha trilha
dos retirantes
Está vestida de
poeira nova
E sol vespertino
Desenha figuras no
horizonte...
Figuras de mil tauras
que voltam
Pra beber na paisagem
A seiva ancestral
Que dormita tranqüila
Na paz destes campos!
Perfilados nos arames
Formam alas os
pelinchos,
Numa continência muda
A tantos bravos que
passam!
Lá vêm eles...
Estão mais perto
agora...
E os capacetes de
obra
Começam virar
chapelões de abas largas
Que adornam com graça
Os semblantes
sofridos...
De repente,
Os aventais de
oficina
Viram ponchos alados
Na manhã destes
pagos,
E ondulando pacholas
Acenam faceiros
À inquietos cardeais
Que espionam das
moitas!
Ah! E os fletes...
Até antes da curva
Apenas calhambeques
de frete
Mas agora... Que flor
de fletes!
De crinas ao vento,
parecem centauros
Encurtando distâncias
Pra o lado de cá!
E além...
Despontando na
retaguarda,
Seriam carretas?
Sim! São carretas!
São as velhas
carretas lerdas,
Lerdas e cantadeiras
Recheadas de
provisões...!
Eis o meu povo de
volta
Chegando de manso na
curva do olhar!
Não mais parecem
farrapos
São tauras garbosos
tomando de volta
O que sempre foi seu!
Galopam seus potros
pelas pradarias
Buscando nos sonhos
Razões pra ficar...
E as sangas faceiras
Abraçam com graça
Os corpos suados
Que vem descansar!
Pra quem volta aos
pagos
Pouco importa
caminhos ou atalhos...
A alma sempre chega
pilchada
E de à cavalo!
Que bom que hoje
acordei poeta!
Amanhã... Amanhã, de
repente,
Nem mais acorde
assim...
Mas hoje... Hoje eu
estou poeta!
E posso receber de
alma aberta
Mil tauras que voltam
Pra beber na paisagem
A seiva ancestral que
dormita tranqüila
na paz destes campos!
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