Autor: Adenir Paz
Encilhei um mate a
capricho e me perdi na estrada das lembranças,
sempre acompanhado
dos meus amigos que por esta estrada passaram.
E que recordações
bagualas e macanudas! Algumas me fazem sorrir baixinho,
pois me lembro dos
momentos e das tertulias saudosas que tivemos.
É nesta campereada
que faço, perdido em recordações,
que reponto momentos
mágicos, que passei na minha vida.
Muitos são bem
antigos, mas que não me fogem ao controle de minha
memória pois estou
sempre a repontá-los arrodeado de amigos.
Mas hoje esta
campereada não está completa.
Sobra tristeza e
falta gente neste reponte.
Como se essas pessoas
amigas tivesse se perdido, no horizonte,
dessas tardes morenas
que só Deus sabe pintar.
Conto, um a um, esses
indios guapos, amigos, que passaram
na tropeada deste meu
viver, e vejo com amargura
que muitos deles
ficaram pelo caminho, deixaram de andar comigo,
de charlear, cantar,
matear, sorrir, de tocar, de falar do nosso Rio Grande.
Foram embora - morar
em outras plagas, distantes,
onde um dia deverei
passar.
Continuo mateando,
com olhos perdidos
lembrando os amigos
que um dia se foram.
Nesta tarde morena,
mateio solito,
no meu peito há um
grito tentando sair,
mas consigo retê-lo
ouvindo o silencio,
que como sinuelo vem
no findar do dia.
Me olho nos olhos e
não olho a alegria
pois vejo a distancia
um amigo partir.
A noite vem vindo e
com o manto cobrindo esta tarde morena -
com jeito de dona,
que trás na garupa um toque de cordeona -
Ah! É cordeona do
Pedro que foi hoje cedo montado em uma brisa,
para o céu do Rio
Grande.
Continuo mateando,
com olhos perdidos -
lembrando os amigos
que um dia se foram.
Antonia valim
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