A lenda da 'Teiniaguá', também conhecida como Salamanca do
Jarau é uma lenda gaúcha, que conta a história de uma princesa moura que se
transforma em uma bruxa e que vem em uma urna de Salamanca, na Espanha para uma
caverna no Cerro do Jarau, em Quaraí, no Rio Grande do Sul.
cone da cultura gaúcha, a Teiniaguá, é uma Princesa Moura,
transformada em lagartixa pelo Diabo Vermelho dos índios, Anhangá-Pitã. Séculos
atrás, quando caiu o último reduto árabe na Espanha, veio fugida e
transfigurada em uma velha; para que não fosse reconhecida e aprisionada.
Corpo de lagartixa (ou salamandra), encontra-se no lugar de
sua cabeça uma pedra preciosa cintilante, cor de rubi, que fascina os homens e
os atrai, destinada a viver em uma lagoa no Cerro do Jarau. O nome Salamanca,
ao invés de "salamandra", é reconhecido também como referência à
cidade espanhola de Salamanca, a qual foi ocupada pelos islâmicos do norte da
África entre os séculos VIII e X, e que ficou por muito tempo na zona de
combate entre os islâmicos do Sul e os cristãos do Norte. Esta é uma explicação
que reitera a referência à princesa ou nobre moura.
Mas um dia o sacristão da igreja da aldeia próxima, assolado
pelo calor, foi até a lagoa refrescar-se. Ao se aproximar percebeu que a lagoa
fervia e na sua frente a Teiniaguá surgiu, rapidamente ele a agarrou, a
aprisionou em uma guampa, e foi para seus aposentos atrás da igreja. Durante a
noite, ao abrir a guampa, ocorre uma mágica, ela volta a ser mulher e lhe pede
vinho. Sabendo que o único vinho que podia oferecer era o do padre, não hesitou
em buscá-lo. Todas as noites o fato se repetia, e os padres começaram a
desconfiar; uma noite entraram no quarto do sacristão, a Teiniaguá, rapidamente
se transformou em lagartixa e fugiu para as barrancas do Uruguai, ele foi
preso.
O sacristão foi condenado a morte, e no dia da aplicação da
sentença, sua amada sentiu um mau pressentimento e voltou à aldeia para
resgatá-lo. Utilizando magia, o encontrou e nesse momento houve um grande
estrondo, que produziu fogo e fumaça e tudo afundou.
Ficaram confinados após isso, em uma caverna profunda,
chamada de Salamanca do Jarau. De onde só sairiam quando surgisse alguém capaz
de cumprir as sete provas: as espadas ocultas na sombra, a arremetida de
jaguares e pumas furiosos, a dança dos esqueletos, o jogo das línguas de fogo e
das águas ferventes, a ameaça da boicininga amaldiçoada (única que não está
presente na literatura épica, é um proveitamento folclórico), o convite das
donzelas cativas, o cerco dos anões.
Com os desafios superados, seria concedido ao valente
vencedor um desejo, o qual, ele deveria depois renegar. Após duzentos anos,
chega à furna um gaúcho chamado Blau, que conheceu a lenda através de sua avó
charrua. Sem hesitar ele cumpriu as provas, pórem, não desejou nada. A princesa
ficou triste, pois assim não conseguiriam, ela e seu amado sacristão,
libertarem-se do encanto. Quando o gaúcho montava em seu cavalo para ir embora,
o sacristão lhe deu uma moeda de ouro, como lembrança de sua estada; sem poder
recusar, colocou a moeda no bolso e foi embora.
Alguns dias depois ficou sabendo que um amigo seu desistira
de ser criador de gado, lembrou da moeda e foi comprar um boi, mas ao retirá-la
para pagar foram surgindo novas moedas e ele conseguiu comprar todos. Admirado
com a riqueza de Blau, o amigo espalhou a notícia, e todos ficaram espantados
com ela. Acreditando que ele havia feito um pacto com o demônio, ninguém mais
quis lhe vender nem comprar nada. Sentindo saudade da vida de antes, voltou à
gruta para devolver a moeda mágica. Chegando lá, contou a história ao sacristão
e lhe devolveu a moeda. Ao colocá-la em sua mão, o feitiço foi quebrado com uma
grande explosão. Da furna saíram os dois condenados, transformados em um belo
casal de jovens. Casaram-se e trouxeram a descendência indigeno-ibérica aos
povoados do Rio Grande do Sul.
Esta lenda, registrada por João Simões Lopes Neto e
publicada pela primeira vez no ano de 1913
Pesquisa de:
Fabiana Thomaz
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