quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Lenda: João de Barro.

 



Contam os índios que há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza, e também foi correspondido.

Jaebé, foi pedi-la em casamento. O pai dela perguntou:

Que provas podes dar da tua força para pretenderes a mão da moça mais formosa da tribo?

As provas do meu amor!  - respondeu o jovem.

O velho gostou da resposta, mas achou o jovem muito atrevido. Então disse: - O último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.

- Eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.

Toda a tribo se espantou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova.

Enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado.

A jovem apaixonada chorou e implorou à deusa lua que o mantivesse vivo, para ser o seu amor. O tempo foi passando. Certa manhã, a filha pediu ao pai: - já se passaram cinco dias, não o deixe morrer.

O velho respondeu: - ele é arrogante. Falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece. E esperou até a última hora do novo dia. Então ordenou: - Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro.

Seus olhos brilhavam e seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e cheirava a perfume de amêndoa. Todos se espantaram. E ficaram mais espantados, ainda, quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar, como um pássaro, enquanto o seu corpo, aos poucos, ia se transformando em um corpo de pássaro! E exatamente naquele momento os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em pássaro. Então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta, onde desapareceram para sempre. Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro João-de-barro.

A prova do grande amor que uniu esses dois jovens está no cuidado com que constroem a sua casa e protegem os seus filhotes. Todos amam o João-de-barro, porque lembram da força de Jaebé; uma força que vinha do amor e foi maior que a morte!

Na tradição dos campeiros, diz-se que o João-de-barro, ou João-barreiro, ou forneiro, não trabalha aos domingos e dias Santos, a não ser quando, tendo chovido muito na véspera, aproveita a oportunidade para recolher o bairro formado pelo aguaceiro.

Dizem que em casa, que tem ninho de João-de-barro não cai o raio; destruir o ninho atrai o raio e provoca a dispersão dos membros da família.






Pesquisa de:   Sandra Ferreira           

1º chinoca do CTG Sentinelas do Pago.




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