A abolição advinda com a Lei Áurea, foi fruto de uma
constante luta travada por grupos abolicionistas de diversas matizes. Esses grupos tornaram-se muito ativos
ao longo da segunda metade do século XIX, e eram integrados por jornalistas,
políticos, nobres (como a Princesa Isabel), advogados e outros.
Entre as principais personagens históricas atuantes no
abolicionismo brasileiro, estavam três negros:
*Luiz Gama, José do Patrocínio e André Rebouças, vamos
conhecer um pouco de suas histórias.
LUIZ GAMA (1830-1882).
O baiano Luiz Gonzaga Pinto da Gama, nascido em 1830, era
filho de pai branco, português, e de uma negra livre. Portanto, Gama nasceu
livre. Sua mãe, Luiza Mahin, participou da célebre Revolta dos Malês, em
Salvador, no ano de 1835. Luiza teve que fugir da Bahia, deixando o filho com o
pai. O pai, por sua vez, teria, segundo alguns estudiosos da biografia de Gama,
vendido o próprio filho como escravo aos 10 anos de idade, mesmo ele sendo
livre.
Luiz Gama permaneceu como escravo ate os 17 anos de idade,
quando conseguiu fugir dos domínios de seu senhor, tendo também conseguido um
tempo depois comprovar que havia nascido livre. Em liberdade novamente, Gama alfabetizou-se
e começou a estudar como autodidata, tornando-se jornalista e advogado. Foi
justamente por meio do jornalismo e da advocacia que ele exerceu sua luta
contra a escravidão.
Como jornalista, Gama atuou em periódicos como O Diabo Coxo,
nos quais defendia, de forma satírica, o fim da escravidão e criticava
ferrenhamente a aristocracia rural do império.
Como advogado, defendeu, geralmente de graça, inúmeros
escravos negros libertos. Chegou a conseguir a alforria para mais de 500 negros
cativos do Brasil. Contudo, Gama morreu em 1882, antes de ver a abolição
concretizada.
JOSÉ DO PATROCÍNIO (1853-1905).
O fluminense José Carlos do Patrocínio, nascido em Campos de
Goytacazes, em 1853, era filho de um vigário com uma escrava (serva desse
último) chamada Mina.
Sua infância e adolescência foram exatamente o contrário do
que viveu Luiz Gama. Patrocínio nasceu como escravo, mas foi criado como
liberto. Seu pai, mesmo não tendo o assumido formalmente como filho, deu a ele
a proteção necessária para que conseguisse instruir-se formalmente e iniciar no
mundo do trabalho, começando por funções modestas.
Migrando de Campos de Goytacazes para a cidade de Rio de
Janeiro, Patrocínio conseguiu ingressar no curso de farmácia, então ligado à
Faculdade de Medicina da capital do império. Foi nesse período da faculdade que
entrou em contato com o chamado Clube Republicano, o qual também reunia jovens
com ideias republicanas, Patrocínio não demorou muito para se articular com
personalidades como, Lopes Trovão, Quintino Bocaiuva e Pardal Mallet.
No ano de 1875, José do Patrocínio ficou conhecido por
comandar, com Dermeval da Fonseca, o jornal satírico Os Ferrões, que, a exemplo
de O Diabo Coxo, de Luiz Gama, também estava carregado de críticas e ironias
contra a sociedade escravocrata.
Foi por meio do jornalismo que Patrocínio conseguiu propagar
suas opiniões tanto sobre escravidão quanto sobre o regime republicano. Em
1880, fundou, com outros abolicionistas de peso, como Joaquim Nabuco, a
Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.
Patrocínio ficou conhecido por sua defesa tanto do
abolicionismo quanto do republicanismo.
ANDRÉ REBOUÇAS (1838-1898).
André Rebouças era baiano e nasceu livre, no ano de 1838.
Era filho de Antônio Pereira Rebouças, negro, filho de escrava alforriada e um
alfaiate português, chegando a ser destacado advogado e político do Império.
André, por sua vez, recebeu uma grande formação intelectual
e técnica. Era engenheiro e notabilizou-se nessa função por ter empreendido as
seguintes obras:
1-Resolução do problema do abastecimento de água no Rio de
Janeiro;
2-desenvolvimento de um modelo de torpedo usado na Guerra do
Paraguai;
3-construção de ferrovias que ligava o estado do Paraná ao
Mato Grosso do Sul.
André Rebouças também possuía uma cultura cosmopolita por
ter conhecido de perto alguns países da Europa e do continente americano. Foi
amigo do musico Carlos Gomes, autor da ópera romântica O Guarani, a quem
forneceu ajuda financeira mais de uma vez.
Foi também membro da Sociedade Brasileira Contra a
Escravidão e de outros órgãos, como a Sociedade Abolicionista e a Sociedade
Central de Imigração.
Além das críticas ao regime escravista, Rebouças
preocupava-se com o destino que teriam os negros após a abolição, quando esta
ocorresse. Era necessário um planejamento para a inserção dos libertos na
economia e sociedade brasileira. Além disso, tal inserção deveria levar em
conta a migração massiva de europeus para o Brasil na segunda metade do século
XIX.
André Rebouças era engenheiro e possuía uma cultura
vastíssima.
Pesquisa de :
Sandra Ferreira / 1
chinoca do CTG Sentinelas do Pago.
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