Autor: Iberê Machado
Os ventos que rezam
na pampa
são ventos das fontes
mais virgens,
que passam ao longo
dos campos,
batendo nas portas
dos ranchos
- os templos das
nossas origens.
São ventos que trazem
recados
das lutas de gentes
paisanas:
queriam a terra mais
livre,
não como a pampa que
vive,
debaixo de botas
tiranas.
Os ventos que rezam
na pampa
nos trazem recuerdos
amargos:
não temos bandeiras
nem mastros
e já se apagam os
rastros
da nossa infância nos
pagos.
Aquilo que avós
conquistaram
nos tempos das sendas
mais brutas
são ecos das guerras
da História
que fogem da nossa
memória,
gaúchos que tombam
sem luta.
Toda a conquista de
séculos
das lutas dos nossos
avós,
perdemos no caos
desses anos
nas patas de maulas
tiranos
que lutam aqui,
contra nós.
Da nossa infância,
somente,
restam lembranças
perdidas.
E os ventos as trazem
num grito
que em vão sacode o
infinito
das nossas ânsias
dormidas.
Antonia Valim –
Prenda Mirim Farroupilha
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