Naqueles tempos distantes quando não havia métodos seguros
de anticoncepção, as famílias eram grandes, muitos filhos à volta da mesa nas
horas das refeições.
E havia um coronel feito a facão nos tempos das revoluções,
das peleias entre pica-paus, maragatos, chimangos. Seu nome era Genuário.
Casado com dona Emerenciana, já tinham dezoito filhos.
Pós não é que o medico da vila foi chamado por um peão do
coronel pra atender a referida senhora que esperava o décimo nono filho?
Muito preocupado com o que poderia acontecer com a
parturiente, o “doutor” pegou sua maleta de médico e se foi a cavalo em direção
à fazenda do Coronel Genuário.
Lá chegando, encontrou o homem preocupado com o estado da
mulher, que enfrentava muitas dificuldades no parto. Os gritos dela se ouviam
em toda a casa grande e chegavam até o galpão onde a peonada mateava,
cabisbaixa, também apreensiva com o que poderia acontecer com a Dona Emerenciana
que era tão boa pra eles.
O Coronel fumava palheiro e jogava cada baforada de fumaça
que chegava a nublar o ambiente da sala espaçosa, caminhava de um lado para
outro. Às vezes, botava as mãos atrás das costas e chegava suar frio.
O médico entrou no quarto da Dona Emerenciana, demorou quase
uma hora e, finalmente, a casa vibrou com um choro forte de criança; nascia o
décimo nono filho do casal.
Meia hora depois do choro, o médico chamou o Coronel
Genuário para o quarto, a fim de conhecer o filho recém nascido e para ter,
segundo o doutor, uma conversa muito séria com o casal.
O homem entrou no quarto penumbroso, viu o filho mamando, a
esposa aliviada.
Então, o médico falou:
-Coronel Genuário e
Dona Emerenciana, por favor! Atendam o meu conselho. Vocês não podem mais ter
filhos! Quase que a senhora morreu! O parto foi muito difícil. A senhora, Dona
Emerenciana, não vai aguentar mais um parto. A senhora não tem mais saúde para
ter filhos.
- A senhora
entendeu bem o que eu falei, Dona Emerenciana?
-Sim, doutor.
-E o senhor,
Coronel, entendeu o que eu falei???
-Entendi, doutor!
Ué, o que se vai fazer? Tá fechada a fábrica!
E o doutor ainda enfatizou
-É bom que
entenderam! Se a Dona Emerenciana ficar grávida de novo, ela vai morrer!
Entenderam? VAI MORRER!
O médico foi embora e
o Coronel Genuário, preocupado em atender ao conselho, mudou até de quarto.
Afinal, ninguém é de ferro.
Passou-se um mês , passou-se outro mês.
Em certa noite, de verão, ouviram-se batidas na porta do
quarto do Coronel, e como ele roncava como um porco, após as batidas se ouviu a
voz de uma mulher. Era a Dona Emerenciana.
E o diálogo foi mais ou menos assim, que acordou a casa
inteira da fazenda:
-Abre a porta,
Genuário!
-Ué, o que tu quê,
muié?
-GENUÁRIO, EU QUERO
MORRÊ!!!!
Pesquisa de:
Sandra Ferreira / 1 chinoca do CTG Sentinelas do Pago.
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