quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Duelo -Bento Gonçalves X Onofre.

 


 

Decorrido um ano da morte de Antônio Paulino, o Exército Farrapo acampou em Topador atual, nas pontas do Sarandi, próximo a Santana, atual.

Ali, Onofre Pires falava abertamente no meio da tropa, tudo o que sentia em relação a Bento Gonçalves.

Bento Gonçalves em carta pediu que Onofre Pires confirmasse ou não, por escrito, as acusações ofensivas à sua honra, feitas em presença de terceiros.

Onofre respondeu no outro dia confirmando, e abrindo mão de suas imunidades parlamentares e colocando-se à disposição de Bento no local que este saberia encontrá-lo.

Isto equivalia a um duelo, hipótese desejada por Onofre Pires que levava grande vantagem no seu porte atlético e com menos 10 anos de idade (44 x 54 anos).

Bento Gonçalves procurou Onofre Pires e o desafiou para um duelo, e juntos se afastaram meia légua do acampamento no dia 27 de fevereiro de 1844.

Chegando ao local, entre outras trocas de palavras, Bento Gonçalves falou a Onofre que não tinha mandado matar Paulino da Fontoura. E se tivesse necessidade teria recorrido a um duelo como agora faria com ele.

Mesmo antes do duelo, Bento já dominava com seu carisma, o temperamental primo que ali servia de instrumento de terceiros, talvez até inconsciente.

Iniciando o duelo, Bento atingiu Onofre no antebraço direito o que interrompeu o duelo. O fato sem testemunhas tem provocado diversas versões.

Sobre o duelo, escreveu mais tarde o Brigadeiro imperial José Gomes Portinho, que fora destacado líder militar farrapo e insuspeito por amigo e cunhado de Antônio Vicente da Fontoura.

“Onofre foi ferido no braço direito. O mesmo Bento Gonçalves tratou da ferida, atando-a com seu próprio lenço, sendo Onofre conduzido para o campo e dai a sua casa (barraca) onde morreu passados dois dias. E isto por falta de médico. Ali não havia”.

Outro farrapo diz que: “ficou um lanceiro cuidando de Onofre Pires e Bento foi buscar recursos”.

Ambos contam que sua morte se deu no dia 1º de março, mas Antônio Vicente da Fontoura, registrou dia 3 de março de 1844.

Bento Gonçalves em carta, no dia 09 de março de 1844, ao diamantinense Domingos José de Almeida, escreveu:

“Já meu compadre saberá do fim desastroso que teve o coronel Onofre, que fazia o papel de General Santérre na facção desorganizadora, que o incitou a provocar-me tão atrevidamente. Ela contava com a vitória, porque olha as coisas como lhe parecem, e não como são de fato. A paixão os domina e, por isso, vendo aquele homem tão corpulento, o julgaram um gigante e eu um pigmeu.

Enganaram-se e, depois escondendo todos o rabo, se afastaram dele, ao ponto de não achar um só desses malvados a seu lado, ao menos na hora da morte. Que malvadeza! Eu lamento sua sorte, mas não tenho o menor remorso, porque obrei como verdadeiro homem de honra.

Em tais casos, obrarei sempre assim, não me importando com o tamanho, e nem a nomeada (fama) da pessoa que se atreva a atacar a minha honra”.

E assim teve fim Onofre Pires, cujos restos mortais devem estar em algum lugar nas pontas do Sarandi, atual Topador em Santana. É uma vida que merece reflexão.

Onofre faleceu quase oito anos depois do rumoroso fuzilamento que ordenou em Mostardas, no qual foi vitima ilustre o Capitão Francisco Pinto Bandeira. Seria a confirmação do ditado popular: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

Onofre Pires fez parte da minoria opositora a Bento Gonçalves, na Assembleia Constituinte da República Rio-Grandense, Alegrete.

Seu perfil moral parece não ter feito honra a oposição que integrou e o manipulou como instrumento contra Bento Gonçalves, em momento crítico da Revolução.

Onofre pires faleceu, há um ano do término da revolução, com um fim trágico e solitário.


Bento Gonçalves da Silva



Onofre Pires



 

Pesquisa de :

Sandra Ferreira - 1 Chinoca do CTG Sentinelas do Pago.

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