O fruto do amor de
Tainá-Racan e Maluá.
Conta essa
lenda indígena, que Tainá-Racan era uma linda índia, tinha os olhos cor de
noite estrelada e seus cabelos eram como fios de seda negra.
Um jovem e
formoso guerreiro de uma tribo vizinha, Maluá, assim que a viu, sentiu o
coração saltando do peito, pensou: “Ela é linda como a estrela da manhã, hei de
amá-la enquanto durar minha vida!”
Pouco tempo
depois estavam casados.
A vida deles
era bela e alegre como o ipê florido. Todas as manhãs, Maluá saía para caçar e
pescar, enquanto Tainá-Racan sentava-se na porta de sua oca, tecendo colares e
esteiras.
Ao seu lado,
sempre se deitava um jacaré lhe fazendo companhia.
O tempo foi
passando... caíram as folhas e flores, os cajueiros arcaram de fartura e
beleza, seus galhos com frutos vermelhos. As castanhas escondiam-se no seio da
terra boa. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia.
Após três
anos de casamento, numa noite bonita, deitados numa pedra grande á beira do rio
Calmo, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-Racan e apertou-a com ternura.
-Está
triste, amado meu?
-Sim. Voçê
sabe que estou triste e você também está. Nossa dor é a mesma.
-Onde está
nosso filho, que Canaxiué não quer mandar? – disse Tainá-Racan.
Dois
pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces rosadas de Tainá-Racan.
Um vento
forte fez balançar as árvores e arrepiou as águas do rio. Uma nuvem escura
cobriu a lua. Trovões reboaram ao longe.
-Maluá,
abraçou Tainá-Racan...
Nosso filho
vira, sim. Cananxiué também o quer – disse ele.
Luas depois,
quando os ipês voltaram a florir, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o
Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada, como os
da mãe, e era forte como o pai, logo se destacou pela sua inteligência e força.
Mas havia
nele algo diferente, que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira.
Uadi, tinha
os cabelos dourados como as flores do ipê amarelo.
Ainda assim,
Maluá recebeu o nascimento do filho com alegria. E, para explicar a sua
diferença, espalhou pela tribo que Uadi era filho de Cananxiué.
Mas os
próprios índios de sua tribo, zombavam-no, dizendo que Uadi era filho do
jacaré.
Um dia, soam
os gritos de guerra e Maluá foi chamado para lutar, quando foi se despedir de
Uadi, este lhe comunica que também partiria em breve, pois ia morar no céu, o
guerreiro estremeceu, apertou o menino em seus braços com força, e falou: “o
que é isso filhinho, você não vai a lugar nenhum, sua casa é aqui na terra.”
Enquanto falava, uma arara vermelha pousou na árvore e gritou vim buscar meu
filho! O agarrou e levou pelos ares. Era Cananxiué que veio buscar o menino.
Devolve meu
filho!!! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silencio.
Tainá-Racan se desesperou e chorou três dias e três noites. O jacaré seu amigo,
veio da mata ao escutar seus gritos de dor, ficava dia e noite tomando conta
dela.
O jacaré, entristecido,
pediu ao Deus que devolvesse o menino. Cananxiué declarou que era possível,
dizendo: das suas lágrimas nascerá uma árvore copada, ela dará flores
cheirosas, nascerão frutos, dentro da casca verde, os frutos serão dourados
como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos
da dor de seu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível,
aquele que provar, jamais o esquecerá.
Tainá-Racan,
pergunta: Meu Deus, e como se chamará esse fruto, cujo coração são os espinhos
de minha dor, cuja cor, são dos cabelos de Uadi e cujo o aroma é inesquecível
como o cheiro desta mata?
Chamar-se-á
Tamauó, os índios do Xingu, conhecem como akain, e os homens, do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste chamam de Pequizeiro, e seu fruto Pequi.
Tainá-Racan
e Maluá foram abençoados com mais filhos, e a cada filho que nascia, plantavam
mais um pequizeiro, e eles tiveram muitos filhos, e viveram felizes para
sempre.
Pesquisa de:
Sandra Ferreira/ 1 chinoca do CTG Sentinelas
do Pago.
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