quinta-feira, 12 de agosto de 2021

A Lenda do Pequi.



O fruto do amor de Tainá-Racan e Maluá.

 

Conta essa lenda indígena, que Tainá-Racan era uma linda índia, tinha os olhos cor de noite estrelada e seus cabelos eram como fios de seda negra.

Um jovem e formoso guerreiro de uma tribo vizinha, Maluá, assim que a viu, sentiu o coração saltando do peito, pensou: “Ela é linda como a estrela da manhã, hei de amá-la enquanto durar minha vida!”

Pouco tempo depois estavam casados.

A vida deles era bela e alegre como o ipê florido. Todas as manhãs, Maluá saía para caçar e pescar, enquanto Tainá-Racan sentava-se na porta de sua oca, tecendo colares e esteiras.

 


Ao seu lado, sempre se deitava um jacaré lhe fazendo companhia.

O tempo foi passando... caíram as folhas e flores, os cajueiros arcaram de fartura e beleza, seus galhos com frutos vermelhos. As castanhas escondiam-se no seio da terra boa. As cigarras enchiam as matas com sua forte sinfonia.


Após três anos de casamento, numa noite bonita, deitados numa pedra grande á beira do rio Calmo, Maluá encostou a cabeça no peito de Tainá-Racan e apertou-a com ternura.

-Está triste, amado meu?

-Sim. Voçê sabe que estou triste e você também está. Nossa dor é a mesma.

-Onde está nosso filho, que Canaxiué não quer mandar? – disse Tainá-Racan.

Dois pequeninos rios de lágrimas deslizaram pelas faces rosadas de Tainá-Racan.

Um vento forte fez balançar as árvores e arrepiou as águas do rio. Uma nuvem escura cobriu a lua. Trovões reboaram ao longe.

-Maluá, abraçou Tainá-Racan...

Nosso filho vira, sim. Cananxiué também o quer – disse ele.


Luas depois, quando os ipês voltaram a florir, numa madrugada alegre, nasceu Uadi, o Arco-Íris. Era lindo, gordinho, tinha os olhos cor de noite estrelada, como os da mãe, e era forte como o pai, logo se destacou pela sua inteligência e força.

Mas havia nele algo diferente, que espantou o pai, a mãe, a tribo inteira.

Uadi, tinha os cabelos dourados como as flores do ipê amarelo.

Ainda assim, Maluá recebeu o nascimento do filho com alegria. E, para explicar a sua diferença, espalhou pela tribo que Uadi era filho de Cananxiué.

Mas os próprios índios de sua tribo, zombavam-no, dizendo que Uadi era filho do jacaré.


Um dia, soam os gritos de guerra e Maluá foi chamado para lutar, quando foi se despedir de Uadi, este lhe comunica que também partiria em breve, pois ia morar no céu, o guerreiro estremeceu, apertou o menino em seus braços com força, e falou: “o que é isso filhinho, você não vai a lugar nenhum, sua casa é aqui na terra.” Enquanto falava, uma arara vermelha pousou na árvore e gritou vim buscar meu filho! O agarrou e levou pelos ares. Era Cananxiué que veio buscar o menino.

Devolve meu filho!!! O grito de Maluá ecoou pela mata, ferindo de dor o silencio. Tainá-Racan se desesperou e chorou três dias e três noites. O jacaré seu amigo, veio da mata ao escutar seus gritos de dor, ficava dia e noite tomando conta dela.

O jacaré, entristecido, pediu ao Deus que devolvesse o menino. Cananxiué declarou que era possível, dizendo: das suas lágrimas nascerá uma árvore copada, ela dará flores cheirosas, nascerão frutos, dentro da casca verde, os frutos serão dourados como os cabelos de Uadi. Mas a semente será cheia de espinhos, como os espinhos da dor de seu coração de mãe. Seu aroma será tão tentador e inesquecível, aquele que provar, jamais o esquecerá.


Tainá-Racan, pergunta: Meu Deus, e como se chamará esse fruto, cujo coração são os espinhos de minha dor, cuja cor, são dos cabelos de Uadi e cujo o aroma é inesquecível como o cheiro desta mata?

Chamar-se-á Tamauó, os índios do Xingu, conhecem como akain, e os homens, do Norte, Nordeste e Centro-Oeste chamam de Pequizeiro, e seu fruto Pequi.

Tainá-Racan e Maluá foram abençoados com mais filhos, e a cada filho que nascia, plantavam mais um pequizeiro, e eles tiveram muitos filhos, e viveram felizes para sempre.

 



Pesquisa de:

 Sandra Ferreira/ 1 chinoca do CTG Sentinelas do Pago.







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