No tempo dos Sete Povos das Missões,
havia um índio velho muito fiel aos padres jesuítas, chamado MBororé. Com a
chegada dos invasores portugueses e espanhóis, os padres precisaram fugir
levando em carretas os tesouros e bens que pudessem carregar. Assim, amontoaram
o muito que não podiam levar consigo – ouro, prata, alfaias, jóias, tudo!- e
construíram ao redor uma casa branca, sem porta e sem janela. Para evitar a
descoberta da casa pelo inimigo e o conseqüente saqueio, deixaram o velho índio
fiel MBororé cuidando, com ordens severas de só entregar o tesouro quando os
jesuítas voltassem às Missões.
Mas os jesuítas nunca mais voltaram.
Com o passar dos anos, o velho índio morreu e o tempo foi marcando tudo,
deixando as ruínas de pé como as cicatrizes de um sonho que acabou. Acabou?
Não. A Casa de MBororé continua lá num mato das Missões, imaculadamente branca,
cuidada pela alma do índio fiel que ainda espera a volta dos jesuítas.
Às vezes, algum mateiro –lenhador ou
caçador- dá com ela, de repente, num campestre qualquer. Imediatamente dá-se
conta de que é a Casa de MBororé, cheia de tesouros. Resolve então marcar bem o
local para voltar com ferramentas e abrir a força a casa que não tem porta nem
janela. Guarda bem o lugar na memória pelas árvores tais e tais, pela direção
do sol e coisas assim. Sai, volta com ferramentas, só que nunca mais acha de
novo a Casa Branca de MBororé, sem porta e sem janela.
Pesquisa :
Antonia Valim
Prenda Mirim
Farroupilha de Alvorada
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