quarta-feira, 23 de setembro de 2020

35 CTG Centro de tradições Gaúchas

 



Hoje nossa cultura gaúcha tem maior reconhecimento mas nem sempre foi assim nosso Rio Grande precisou de jovens que mudassem o pensamento das pessoas e mostrasse o quão rica e divercificada nossa cultura é...Com a fundação do primeiro CTG, as coisas começaram a se tornar mais reais e o nosso tradicionalismo cada vez algo maior... 

No Fim da II Guerra Mundial, o mundo ocidental, encontrava-se com grande influência exercida pela posição dos Estados Unidos. Tornou-se, assim, o principal centro de irradiação da moda, da cultura e as elites urbanas, principalmente os jovens, começaram a imitar o americano "way of life".

Com rapidez, a juventude voltava as costas para as suas raízes culturais, e os intelectuais rio-grandenses demonstravam sua insatisfação com aquele estado de coisas, e tinham a consciência de que as pressões do modismo americano sufocava a cultura local, o Rio Grande, de resto, o mundo todo.

O Brasil estava saindo da ditadura de Getúlio Vargas, que havia amordaçado a imprensa, que e prejudicava o desenvolvimento e prática das culturas regionais. Com isso, perdia-se o sentimento de culto às tradições; nossas raízes estavam relegadas ao esquecimento, adormecidas, reflexo da proibição de demonstrações de amor ao regional. Bandeiras e Hinos dos estados foram, simbolicamente, queimados em cerimônia no Rio de Janeiro e, diante de tudo isso, os gaúchos estavam acomodados àquela situação, apáticos, sem iniciativa.

2. "O GRUPO DOS OITO"

Mas nem todos estavam adormecidos.

Em agosto de 1947, em Porto Alegre, eclodiu forte uma proposta de esperança, onde a liberdade e o amor à terra tinham vez e lugar. Jovens estudantes, oriundos do meio rural, de todas as classes sociais, liderados por Paixão Cortes, criam um Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, com a finalidade de preservar as tradições gaúchas, mas também desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando-a no contexto da cultura brasileira. Dentro deste espírito é que surge a criação da Ronda Crioula , estendendo-se do dia 7 ao dia 20 de setembro, as datas mais significativas para os gaúchos.

Entusiasmados com a idéia procuraram a Liga de Defesa Nacional, e contataram o então Major Darcy Vignolli, responsável pela organização das festividade da "Semana da Pátria, e lhe expressaram o desejo do grupo de se associarem aos festejos, propondo a possibilidade de ser retirada uma centelha da "Fogo Simbólico da Pátria" para transformá-la em "Chama Crioula", como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátria Mãe, e do desejo de que a mesma aquecesse o coração de todos os gaúchos e brasileiros durante até o dia 20 de setembro, data magna estadual. Nessa oportunidade, Paixão recebeu o convite para montar uma guarda de gaúchos pilchados em honra ao herói farrapo, David Canabarro, que seria transladado de Santana do Livramento para Porto Alegre.

Paixão Cortes, para atender o honroso convite, reuniu um piquete de oito gaúchos bem pilchados e, no dia 5 de setembro de 1947, prestaram a homenagem a Canabarro. Esse piquete é hoje conhecido como o Grupo dos Oito, ou Piquete da Tradição. Primeira semente que seria semeada no ano seguinte, na criação do "35" CTG. Antônio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Cilso Araújo Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge Degrazzia, Cyro Dutra Ferreira e João Carlos Paixão Cortes, seu líder. Durante o cortejo, o "grupo dos Oito", os jovens estudantes, conduziam as bandeiras do Brasil, do Rio Grande e do Colégio Júlio de Castilhos.

3. CHAMA CRIOULA E 1ª RONDA

Como haviam decidido, no dia 7 de setembro, à meia noite, antes de extinto o "fogo Simbólico da Pátria", Paixão Cortes, na companhia de Fernando Machado Vieira e Cyro Dutra Ferreira, retirou a hoje cinqüentenária "Chama Crioula", que ardeu em um candeeiro crioulo até a meia noite do dia 20 de setembro, quando foi extinta no Teresópolis Tênis Clube, onde se realizava o primeiro Baile Gaúcho, por eles organizado.

Durante a Ronda Crioula, os jovens pioneiros realizaram intervenções em programas da Rádio Farroupilha, entraram em contato com o escritor Manoelito de Ornelas , o qual noticiou os acontecimentos da Ronda pelo Jornal Correio do Povo, e Porto Alegre.

Com a Ronda, outros jovens companheiros foram se agregando às comemorações: Barbosa Lessa, Wilmar Santana, Glaucus Saraiva, Flávio Krebs, Ivo Sanguinetti e outros tantos. Após o sucesso da Ronda, mas principalmente pela decisão tomada em manterem-se unidos para matear e prosear , o que se realizava na casa de Paixão Cortes.

4. A INCLUSÃO DE BARBOSA LESSA NO MOVIMENTO

Especial episódio diz respeito à inclusão de Barbosa Lessa ao núcleo formado por Paixão Cortes. Barbosa Lessa presenciou a passagem da guarda à Canabarro quando encontrava-se na Praça da Alfândega e, tomado de interesse, tratou de saber quem eram aqueles que ali estavam. Soube tratar-se de alunos do "Julinho". Como também era aluno da mesma escola, tratou de conhecê-los. Dois dias após, quando a Chama Crioula chegou ao "Julinho", lá encontrou Barbosa Lessa como um dos participantes e organizadores da 1ª Ronda Crioula. O entrosamento com o grupo foi acelerado quando o piratinense começou a registrar, num caderno escolar, a assinatura dos interessados na fundação do que chamava " Clube de Tradição Gaúcha.

5. A INCLUSÃO DOS ESCOTEIROS DA PATRULHA DO QUERO-QUERO

Lessa soube que havia um grupo querendo fazer algo semelhante, e que eram liderados por Hélio José Moro. Buscou articular uma reunião para unificação de idéias. Da conversa mantida, realizada num bar existente no subsolo do Cine Victória, ficou claro o desejo do outro grupo, escoteiros da Patrulha do Quero-quero e da Maçonaria, dos quais participava Glaucus Saraiva: desejavam um grupo fechado, com 35 pessoas, em homenagem a Revolução de 1835. Enquanto isso, o grupo do "Julinho" queria um fogo-de-chão, onde pudessem tomar um chimarrão e uma entidade mais aberta, disponível para a sociedade; também haviam àqueles que queriam o acesso somente de campeiros, mas todos tinham um objetivo comum: defender as nossas tradições.

Como mostram as atas das primeiras charlas, as divergências eram muitas, prolongando-se, umas, por alguns anos. Quando a rapaziada estava com os ânimos exaltados, tinha papel importante as interferências moderadoras do Tio Waldomiro Souza, poeta gabrielense, e de Olavo Fay Macedo.

Apesar das divergências, Lessa afirma que todos tinham vontade férrea para levar as coisas adiante, tanto que produziram um calendário em que definia março como a data da fundação, o que veio a acontecer em 24 de abril de 1948.

 6. AS PRIMEIRAS REUNIÕES E A FAMÍLIA SIMCH

A maioria das reuniões aconteciam aos sábados pela tarde, muitas vezes na casa de Cyro, pois Paixão Cortes viajava com certa freqüência. O grupo começava a aumentar e, num determinado momento, Dona Fátima, mãe de Paixão, disse-lhe que não seria mais possível fazer reuniões em sala e quarto da casa. Nesse momento, José Laerte Vieira Simch, filho do Dr. Carlos Alfredo Simch, cedeu o porão dos Simch, na rua Duque de Caxias nº 704, pois as reuniões não poderiam parar, visto que se reforçava , cada vez mais, a idéia de verem criada uma entidade onde pudessem cultivar e preservaras as tradições gaúchas.

7. SEDE PROVISÓRIA NA FARSUL

Passado o tempo, lá embaixo, no porão dos Simch, o espaço também se tornou pequeno para o número crescente de adeptos e, através do pai do Cyro Dutra Ferreira, diretor geral da FARSUL, possibilitou, em maio de 1948, a transferência do grupo para uma de suas salas e no terraço daquela entidade, localizada na esquina da Borges de Medeiros com a Rua Riachuelo, logo após a concretização da fundação oficial da nova entidade em 24 de abril de 1948: o "35" Centro de Tradições Gaúchas. De pronto, o "35" começou a estender suas atividades ao auditório da FARSUL, realizando, a li, conferências, sessões de estudo, tertúlias e outros eventos artísticos - culturais.

Por estatuto do "35", são seus fundadores os que assinaram a ata lavrada em 24 de abril de 1948, os integrantes dos "Grupo dos Oito", e aqueles que assinaram as atas anteriores à reunião de fundação : Presentes reunião para a fundação realizada em 24 de abril de 1948:

 

Antônio Cândido da Silva Neto;

Carlos Raphael Godinho Corrêa;

Dirceu Tito Lopes;

Flávio Ramos;

Flávio Silveira Dann;

Francisco Gomes de Oliveira;

Glaucus Saraiva da Fonseca;

Guilherme Flores da Cunha Corrêa;

Hélio Gomes Leal;

Hélio José Moro;

João Emílio Marroni Dutra;

José Laerte Vieira Simch;

Luiz Carlos Corrêa da Silva;

Luiz Osório Aguilar Chagas;

Ney Ortiz Borges;

Paulo Emílio Corrêa;

Paulo Caminha;

Robes Pinto Da Silva;

Valdez Corrêa;

Venerando Vargas da Silveira;

Waldomiro Souza;

Wilmar Winck de Souza.

Integrantes do "Grupo dos Oito", que não compareceram à reunião de fundação, mas foram considerados fundadores:

Cilso Araújo Campos

Cyro Dutra Ferreira.

Cyro Dias da Costa

Fernando Machado Vieira

João Machado Vieira

João Carlos Paixão Cortes

Orlando Jorge Degrazzia

Antônio João de Sá


Pesquisa de :

Antonia Valim

Prenda Mirim Farroupilha de Alvorada



Nenhum comentário:

Postar um comentário

56 anos do Município de Alvorada

Minha Alvorada cidade e sorriso És  um paraíso pra quem mora aqui Só quem não conhece a minha terra amada Tem a língua afiada pra fala...