“Bah”, “tchê”, “mate”, “barbaridade” e “guri” são palavras que (quase)
todo mundo conhece e até usam no dia a dia. Mas, você sabe o que significa
“guapo”, “pandorga”, “vareio” e “posteiro”?
Para essa edição você irá conhecer algumas gírias de M a Z
( M )
Macanudo: Designa alguém bonito ou algo legal.
Maleva: Bandido, malfeitor, desalmado; Cavalo
infiel, que por qualquer coisa corcoveia.
Melena: Cabelo.
Maludo: Cavalo inteiro, garanhão. Diz-se do
animal com grandes testículos.
Mamona: Diz-se de ou a terneira de sobreano
que ainda mama.
Mangueira: Grande curral construído de pedra
ou de madeira, junto à casa da estância,
destinado a encerrar o gado para marcação, castração, cura de bicheiras,
aparte e outros trabalhos.
Manotaço: Pancada
que o cavalo dá com uma das patas dianteiras, ou com ambas; Bofetada, pancada
com a mão dada por pessoa.
Marica: Gay, boiola, abichornado.
( N )
Negrinho: Designação carinhoso que se dá a
crianças ou a pessoas que se tem afeição.
( O )
Oigalê: Exprime admiração, espanto, alegria.
Orelhano: Animal sem marca, nem sinal,
estrangeiro.
Oveiro: Cavalo com manchas branchas
assimétricas espalhadas por todo corpo.
( P )
Pachola: Sujeito alegre, popular, fanfarrão,
figura querida por todos.
Paisano: Do mesmo país; Amigo, camarada.
Pago: Do ''espanhol'', cidade natal.
Pala: Vestuário
feito normalmente em tear artesanal com grossos fios de lã, a fim de protejer o
campeiro gaúcho, o frio e da chuva (se pare com um cobertor com cavidade para
vestir pela cabeça). Geralmente cobre todo o corpo.
Palanque: Esteio grosso e forte cravado no
chão, com mais de dois metros de altura e trinta centímetros aproximadamente de diâmetro, localizado na mangueira ou
curral, no qual se atam os animais, para doma, para cura de bicheiras ou outros
serviços.
Papudo: Indivíduo que tem papo. Balaqueiro,
jactancioso, blasonador. O termo é empregado para insultar, provocar,
depreciar, menosprezar outra pessoa, embora esta não tenha papo.
Parelheiro: Cavalo preparado para a disputa de
carreiras. Cavalo de corrida. (Deve provir de parelha, já que a maioria das
corridas realizadas, anteriormente, no Rio Grande do Sul, eram apenas de dois
cavalos).
Patrão: Designação dada ao presidente de
Centro de Tradições Gaúchas (CTG).
Patrão-Velho: Deus.
Payador: Homem que faz uma (pajeada) um poema,
espécie de trova ou verso criado na hora, de improvisso.
Pealar: Prender com o laço patas do animal que
está correndo, atirando-lhe o pealo que o lança por terra. Figuradamente, armar
cilada para apanhar alguém em falta, enganar, pegar de surpresa.
Pelejar: Mudar
o animal de pêlo, o que acontece, geralmente, no princípio do verão.
Peleia: Briga,
rusga, disputa, combate.
Pelear: Brigar,
lutar, combater, pelejar, teimar, disputar.
Pereba: Ferida de mau caráter, de crosta dura,
que sai geralmente no lombo dos animais. Mazela, sarna, cicatriz. Aplica-se,
também, às feridas que saem nas pessoas. Figuradamente, ponto fraco. Var.:
Pereva (parece provir do tupi-guarani).
Pessuelo: Objeto
pessoal.
Petiço: Cavalo
pequeno, curto, baixo.
Petiço-Sogueiro: Cavalo
que ajuda o gaúcho na soga (campo) a por o gado de volta ou leva-lo ao campo.
Piá: Menino,
guri, caboclinho.
Picaço: A
base é preta mas apresenta partes significantes de branco na cabeça e uma das
patas também brancas.
Piguancha: China,
chinoca, caboclinha, moça, rapariga. Mulher de vida fácil.
Pila: Dinheiro,
trocado. Geralmente usado no singular (Ex.:25 pila,50 pila)
Pingo: Forma
amigável do gaúcho se referir ao seu cavalo.
Piquete: Pequeno
potreiro, ao lado da casa, onde se põe ao pasto os animais utilizados
diariamente.
Poncho: Espécie
de capa de pano de lã, de forma retangular, ovalada ou redonda, com uma
abertura no centro, por onde se enfia a cabeça. É feito geralmente de pano
azul, com forro de baeta vermelha. É o agasalho tradicional do gaúcho do campo.
Na cama de pelegos, serve de coberta. A cavalo, resguarda o cavaleiro da chuva
e do frio.
Porongo: Planta
cucurbitácea (também chamada porongueiro), de cujos frutos se fazem cuias ou
cabaças.
Potrilho: Animal
cavalar durante o período de amamentação, isto é, desde que nasce até dois anos
de idade. Var.:Potranco,potro.
Pura Buxa: Puta-merda! Que saco, designa
descontentamento de algo que aconteceu.
( Q )
Querência: Lugar
onde se nasceu e viveu, ou onde teve que se acostumar a viver, ao contrário de
pago, que é a cidade natal do mesmo.
Queixo-duro: Cavalo
que não obedece facilmente a ação das rédeas.
Quero-mana: Denominação
de antigo bailado campestre, espécie de fandango. Canto popular executado ao
som de viola.
Quero-quero: Ave
de cor acinzentada, com esporões nas asas, considerada pelos gaúchos com muita
admiração ''protetor das querências'', devido a proteção que este animal mantem
ao seu ninho, quando um individuo se aproxima do ninho, ele grita fortemente,
geralmente o ninho é feito no meio do campo, e não em árvores.
( R )
Rebenque: Chicote
curto, com o cabo retovado, com uma palma de couro na extremidade. Pequeno
relho.
Reculuta: Significa
encontrar, buscar, recuperar um animal que se perdeu da tropa, ‘juntar’ os
animais. É comum encontrá-la em letras de músicas nativistas.
Regalo: Presente, brinde.
Relho: Chicote
com cabo de madeira e açoiteira de tranças semelhantes a de laço, com um pedaço
de guasca na ponta.
Remolacha: Beterraba
Repontar: Tocar
o gado por diante de um lugar para outro.
Reponte: Ato de tocar por diante o gado de um
lugar para o outro.
Rosilho: Cavalo
com pelagem de capa avermelhada, com mistura de pelos brancos esparsos que não
chegam a formar manchas específicas.
( S )
Sanga: Pequeno
curso d’água menor que um regato ou arroio.
Selin: Sela
própria para uso da mulher.
Sesmaria: Antiga
medida agrária correspondente a três léguas quadradas, ou seja a 13.068
hectares. São 3000 por 9000 braças; ou 6.600 por 19.800 metros; ou ainda,
130.680.000 metros quadrados.
Sestear: Descanso
feito após o almoço.
Sinuelo: Diz-se
do boi manso, acostumado já ao curral, que guia os outros bois no qual, indo
sempre a frente.
Soga: Corda
feita de couro, ou de fibra vegetal, ou ainda de crina de animal, utilizada
para prender o cavalo à estaca ou ao pau-de-arrasto, quando é posto a pastar.
Corda de couro torcido ou trançado, que liga entre si as pedras das
boleadeiras. O termo é usado também em sentido figurado.
Surungo: Arrasta
pé, baile de baixa classe, caroço.
( T )
Taco: Diz-se
ao indivíduo capaz, hábil, corajoso. guapo.
Taipa: Represa de leivas, nas lavouras de
arroz. Cerca feita de pedra, na região serrana.
Taita: Indivíduo valentão, destemido, guapo.
Tala: Nervura
do centro da folha do jerivá. Chibata improvisada com a tala do jerivá ou com
qualquer vara vlexivel.
Talagaço: Pancada com tala. Chicotaço.
Talho: Ferimento.
Tapera: Casa de campo, rancho, qualquer
habitação abandonada, quase sempre em ruínas, com algumas paredes de pé e algum
arvoredo velho. Diz-se da morada deserta, inabitada, triste.
Tchê: Meu,
principalmente referindo-se a relações de parentesco. (Veja mais em
Tradicionalismo).
Tentos: Pequenas tiras de guasca presas a duas
argolas existentes na parte posterior do lombilho, de um e outro lado, às quais
se amarram o poncho, o laço, ou qualquer coisa que se queira conduzir à garupa.
Tirador: Espécie de avental de couro macio, ou
pelego, que os laçadores usam pendente da cintura, do lado esquerdo, para
proteger e o corpo do atrito do laço. Mesmo quando não está fazendo serviços em
que utilize o laço, o homem da fronteira usa, freqüentemente, como parte da
vestimenta, o seu tirador, que por vezes é de luxo, enfeitado com franjas,
bolsos e coldre para revólver.
Tordilho: Cavalo com pelagem que se divide
entre branco e preto, que tende a clarear com o crescimento do animal.
Tosa: Tosquia, toso, esquila.
Tostado: Cavalo com pelagem amarela muito
escura, como café-torrado.
Tranco: Passo largo, firme e seguro, do cavalo
ou do homem.
Tramposo: Intrometido, trapaceiro, velhaco.
Trem: Sujeito
inútil.
Três-Marias: Boleadeiras.
Tronqueira: Cada
um dos grossos esteios colocados nas porteiras, os quais são providos de
buracos em que são passadas as varas que as fecham.
Tropeiro: Condutor
de tropas, de gado, de éguas, de mulas, ou de cargueiros. Pessoa que se ocupa
em comprar e vender tropas de gado, de éguas ou de mulas. Peão que ajuda a
conduzir a tropa, que tem por profissão ajudar a conduzir tropas. O trabalho do
tropeiro é um dos mais ásperos, pois
além das dificuldades normais da lida com o gado, é feito ao relento, dia e
noite, com chuva, com neve, com minuano, com soalheiras inclementes, exigindo
sempre dedicação integral de quem o realiza.
Trovar: conversar, prosear.
Tubiano: Cavalo
de pelagem totalmente branca em diferentes partes do corpo.
( U )
Usted: Você. Usado só na fronteira.
( V )
Vacaria: Grande
número de vacas; Grande extensão de campo que os jesuítas reservavam para
criação de gado bovino.
Varar: Atravessar,
cruzar.
Vareio: Susto,
sova, surra, repreensão.
Vaza: Vez, oportunidade.
Vil: Covarde,
desanimado, fraco.
Vivente: Pessoa,
criatura, indivíduo.
( X )
Xepa: Comida.
Xerenga: Faca velha, ordinária.
Xiripá: Chiripá.
Xiru: O
mesmo que chiru. Indio, caboclo, companheiro, pessoa mais velha
Xucro: Diz-se
ao animal ainda não domado, bravio arisco.
( Z )
Zaino: Diz-se
do cavalo com o pelo vermelho escuro.
Zarro: Incômodo,
difícil de fazer, chato.
Zunir: Ir-se apressadamente
Essas são algumas de muitas palavras que nós Gaúchos falamos !
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